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Mostrando postagens de setembro, 2018

Liberdade e luta

A alma tem que ser livre Tem que ser sem as amarras da tua trama Pra passar longe desse teu drama Que  é ódio que se proclama A alma há de ser livre E o coração há de ser de luta Para levar pra bem longe esse teu desmerecer Me livrar de vez dessa tua estupidez Sair para longe do teu rancor Desse seu julgar, que eu quero esquecer Sem nunca perder Esse desejo por ser livre nesse mundão Ser livre de coração.

Poucas horas

Ainda resta um tantico de tempo Aquele pedaço final de vida Procuro recompor as coisas No fundo continua tudo a mesma bagunça Mas por fora está tudo bem É isso que importa afinal O espelho de ilusões Algum dia já perguntou que diabos se tornou? Toda vez que o faço, me alegro Sou peça no tabuleiro da barbárie Sou cavaleiro solitário cavalgando sem rumo ou razão A noite me trai como uma viúva negra Os reflexos são sempre aquelas poucas horas São sempre o reinício. Do fim.

Em memória ao livre

Ó minha bela, pra onde tu fostes Onde foi parar aquele sentimento que plantastes Mentiram pra teu amado Fizeram imaginar-me ao teu lado Só agora percebo o terrível engano Te esconderam bem Varreram para debaixo do pano Agora só de tristeza vou viver Mas a busca ainda há de arder E com todo carinho vou à luta Desse jeito forte à tua procura Dois amantes sem idade Vou sonhando sempre com teu sabor: - Ó Liberdade.

Nascer ou ser ninguém

E no medo de te perder, eu me perdi Preciso me achar, pra saber mais uma vez sobre o amar Não é pra esquecer, Mas também não é pra lembrar, é para me encontrar Você me vê, ao te ver em mim? Até na escuridão! Mas só pra saber, que estive por aqui Andei e ando a procurar um outro abraço, que não seja nosso, é o que posso Até me traio, e percebo que gosto, do que está por vir Bem longe, estou adiantado, mas preciso continuar a ir, Em busca do meu sorrir.

Fica mais um pouco

A madrugada é de silêncios Teu olhar aos ventos Fica mais esse samba Que é cheio de flora Depois a gente se vai Até esbarrar nas esquinas da noite Outra vez Outra hora A mesma hora Tu que inventates a saudade Esqueceu de chamar meu nome Fica mais esse verso Que de palavras doces encherá  teu ouvir Até a gente se perder e encontrar por aí

Irrealidade de um ciclo

Deverás estreita é a realidade dos teus beijos Pensei em nós na cena dos desejos Todo dia daquele jeito sem jeito Fechando os olhos pra aquilo que já se foi eleito Fugindo desse fundo concreto de mundo, Buscando o irreal, o primeiro depois do segundo

Confesso

Confesso que já me despeço em meio a esse verso Buscando um laço pra esse sapato descalço Correndo atrás de um pouco de nexo, nessas noites de sexo Com os livros e teus perfumes, me embolo como em cardumes Imagino o risco de te ver de novo, Descubro que sou um fraco em meio ao povo

Frevo do agora

Destino bom, destino de louco Levou me até aqui, e foi pouco E no baião eu vou mexendo Pra quando lembrar d'oce, eu me acabe em vento Nessas noites de ar molhado Queria estar submerso  naquele sem fim salgado Te esperando na porta dum buteco Arrastando na parede de concreto Aquele dengo suado Andando pela rua desmiolado O pretérito do verão  que ja esfriou é pra lembrar Que tem muito mais à viver que pra recordar E vou caindo de novo Nesse frevo bem gostoso Desse dilema de feliz e triste Eu tô é longe, inclusive até fugiste Do teu colo, do teu ar E a saudade apertará quando me lembrar do mar.

Réquiem do sofrer

Enfim só, sem você, enfim livre desse desmerecer. Me puxou pra muito fundo nesse teu mar morto. No último suspiro que restava, na junta final de força, atravessei tua melancolia e saí do poço cavado por tua alva loucura. Agora posso me ver de verdade outra vez. Me ver como eu era, antes de te meter pra dentro do peito. Me roubastes pelo cheiro, me cegastes pela secura de tua vida. Quase me despelastes à alma, nessa tua raiva enrolada. Agora que boio em águas claras e serenas, tu podes me procurar, que minha mão estará lá, para lhe parar. Chega de teu horror, chega de lágrimas solitárias de falta. Chega de buscar consumir teu amor nas mazelas e nas sarjetas. Algo muito bom que sumiu faz tempo, vem brotando no que restou desse meu esqueleto. A flor de que todos falam, aquela que todos buscam no quase insuperável fim. O recomeço.

Manifesto sobre tudo inclusive amor

Começo esse trecho de manifesto com as seguintes palavras: o amor preponderará sobre tudo. Não deve-se esperar menos que isso. As conjecturas atuais na maior nação da América do Sul, o estado de pânico, e o alvoroço político levaram à escrita deste manifesto inicial. Manifesto este, de cunho social, emocional e não distante, político. Expresso aqui ideias e soluções muito mais engajadas em raciocínio e sentimento. Por acreditar que o ser humano nasce com diversos sentimentos puros e ternos, mas que estes se propiciam a mudar e até a se perderem em esquecimento, ao longo dos anos de convivência com um fracassado modelo social imposto. Devo admitir a cegueira proposital de nós mesmos. Elabora-se assim em minha mente, à busca por algo mais, a procura por um pensamento que possa funcionar nas vielas da nossa vida. Visando não apenas o bem estar próprio, mas o coletivo. Vale ressaltar...

O que fazemos aos domingos chuvosos de setembro

Poderia estar lendo um livro complexo sobre justiça. Poderia estar pintando um quadro com influências de Van Gogh, ou um auto retrato póstumo para esse tédio todo. Tanta coisa, me volto a olhar para o vazio de dentro, aquele mesmo, o velho conhecido. Fumo em pensamento um cigarro de memórias, cada tragada é um arrependimento que me invade, à cada sopro de fumaça é um choro não dado que se solta. Setembro negro, mês de enterrar os sentidos. Afundar os prantos. Queimar as cartas que não lhe entreguei. Venha e se acabe sem que me acorde, esse domingo e todos outros que estão por vir. Deverás severas são minhas ideias, eu sei. Mas para se viver tem que se cobrar. E cada vez mais, até que nunca estejamos em paz.

Tudo aquilo que queria lhe dizer e disse

Você é diferente do todo que já vivi espontâneadade mesclada com ternura, Tua Paixão pela vida e pela forma de se ser encanta até o mais desencantado Encontrei ali, em meio às violas, teu beijo doce 2 vezes, ora, só Fico assim, os dias à contar, para mais um beijo encontrar E será de leves sorrisos e risos tudo aquilo que ainda há de se dizer.

Memórias apagadas que gravei no peito

Ontem mesmo me peguei sonhando em brumas leves de tempos mortos. Me apanhei pescando na Lagoa turva de teus afagos. Cansado de chorar por fora, resolvi engolir o salgado adeus. Decidi me limpar no poço sem fim da imaginação Procurei por lá teus olhos, e só achei fendas secas Onde ando e andarei pouco me preocupa, descobri mais de um inferno nesse pranto. Expulso e humilhado, fui jogado aos céus do paraíso. Chicotada fria na calada do fim. As memórias não se perdem aqui dentro, ao final de tudo. Mereço algo mais. Preciso de algo mais, algo que ainda nem penso que existe ou existiu. A esperança há de ser derradeira, única e imprecisa. Se é que ela algum dia viveu por aqui.

Letargia

Recordar é viver, lembrar é morrer em se esquecer Vinha de longe já esse sonho em que me surpreendi certa noite, entupido de remédios para febre. A febre, ó senhor, essa sempre me procura em meio à calada da mágoa soturna. Procurei saídas mil. O sonho nem de perto se foi, foi assim de prontidão, se pariu. Vislumbrei uma pedra grande, sem mais detalhes sobre ela, ora, pedra é pedra não é? O que mais eu vi? Ah sim, vi um garoto pulando por cima da pedra, em movimento gracioso, leve, quase um vôo angelical a cada salto. Sabe se la como, mas aos poucos a pedra parecia cada vez maior, e o garoto cada vez menor. Diabos! Lembro de dizer isso. Recordo de dizer adeus. Tudo se minguou de forma derretida, assim como a infância. Pasmem, agora sou desses calhordas saudosos? Mas nem fodendo! O sonho ainda continuou, me levou para um meigo quarto de pensão, maltrapilho que só vendo. Lá, estou só, eu ...

As coisas que disse

Diz pra mim Não faz assim Cola aquele teu chero, em mim Aquelas noites sem fim Enfim Tua boca em latim O maior festim A flor doce do Jardim Teu corpo moreno em balancim Sorriso forte afim Não faz assim Não ponha esse fim Diz pra mim Que tudo é sim

O rebento que tu fez

O rasgo na fronha dos meus sonhos Tu fez sem dó Deitado te esperando me acabo em esperar Você sumiu pra nunca mais me achar Te procuro até em sonho Esse teu cheiro impregnou o imaginar Ainda ontem sonhei com ocê E de rosas e cravos a gente viveu e se esqueceu Arrepio até a nuca no teu toque, Que nunca aconteceu. Fui lá pra longe fugir do vazio que tu abriste Fui morar la na estação da Luz Porque estava tudo escuro no coração, que não mais seduz.

Vaidade da caverna

Me perco em pensar pela manhã Talvez para evitar as dores do divã Vou lá pra longe, pros tempos do fogo Será que sou melhor do aquele bobo Lutava sem razão para conseguir Sabe-se lá o porquê de competir Tinha que sobreviver Com medo de tudo, mas não de morrer Não sabia o que era morte Nem por isso esperava pela sorte Gritava de prazer com sua vitória Mostrava para os fracos sua glória A ambição saiu desse grito para história E nós como bons alunos guardamos na memória Nos entupimos de prazer Prazer em se envaidecer Nos enganamos em pensar Que evoluímos sem parar Me assusto em achar Que nada disso no fim vai importar O homem é un bicho fraco

Hoje o ceú está tão triste

E de saudade tua eu me deixo pensar, onde está aquele, aquele teu sorriso que faz sonhar Esbarrou em meu pesar, e a tempestade em meus olhos tu fez secar Incendiou algo que não aquecia jamais, a chama que sinto é eterna, talvez até mais.

Orgânico

Poesia doce escrita aos prantos, algo para me esconder. Covarde que sou, um pouco de tudo, um tudo de um nada. Matéria orgânica descompassada por pecados. Aqui jaz o tesouro da modernidade das travessas mais sujas e sombrias. Os dias se tornam frios, cada vez mais, sem que eu o perceba. Dia após dia a máquina bate em ritmo de perfeita sincronia. As tumbas ao lado transbordam.  O cego se deita, o menino chora. Eu... o que diabos sou eu?

Falsetes

Tão perto e ao mesmo tempo tão distante, o quão severa é essa luta diária em busca de um simples falsete de riso. Acordar em estado de solidão e resignação, até quando? Sentir o vapor da respiração da cidade, o lixo que pulsa, que invade a narina e poluí a mente. Jovens, velhos, todos apenas peões nos joguetes da história. Compostos de pranto, camuflados por uma meia lua deitada de dentes. O grito que não sai, a verdade que não é vista. O terror do não existir.

Pequeno

Arcaico não, talvez uma mistura de porre com tédio, acho que cairia melhor para me definir. Estou cada vez mais à me cagar para este mundo, cada vez mais. Pronto para me cegar.

Disritmia

Chega de desritmia Ontem dormia como à muito já não dormia De flores secas teu sorrir me fez esquecer Teu olhar, um carinho, seu verso, meu querer E de alegria vou morrendo nos dias Vou colorindo as vidas e gostando dessas magias Enquanto eu puder estar Eu quero me embriagar Com a bebida quente que é te amar

Vento

Um velho vento ao topo do mirante A lembrança como um sopro de uma amante Sombria a escuridão crua Por onde andaria a tua alma nua Por um longo tempo medito na sombra Aquela que me devora e me assola Por teu olhar repleto de doçuras Cometi a maior das loucuras

Profundeza

De um sonho profundo aos poucos desperto. A sombra da realidade já se faz em uma clareira. Por onde andei esse tempo todo? Andei sobre brasas por um longo tempo, por um longo tempo. Ó sonho soturno que rouba minha lucidez, pudera tal deslumbre se tornar vicioso? Um homem não deve se parir para o mundo das realidades, eu sei.

Cogno lobos

Tão solitário caminho, apoderás de mim a dúvida da sobriedade, já sem forças para guerras, entrego a vocês a honra. O que conquistei são castelos de areia perdidos nos ventos temporais mundanos. Tenho medo, não escolho o fim, mas vocês escolheram ele para mim. Mesmo que nem dos gigantes e dos moinhos eu hei de temer. Agora espero as amarras de seu julgar para lacrarme na mais fria das salas. O tremor se aproxima e surpreende a mente. Penso em flores e em dias quentes, que hoje já não existem mais. Destruídos pelo presente e esquecidos para o futuro e para o sempre.