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Mostrando postagens de julho, 2018

Bestialidade soberba

Houvesse um tempo muito atrás que a besta errante retumbava no âmago. Eras atrás a loucura era pouca, quase inaignicante na grandeza do ser que a carregava. As eras foram passando, as almas inocentes sendo sugadas, e a besta tímida ainda alimentada. O grande ser pouco percebia, se esbaldava em baixo pudor, se iludia na cegueira do mundo em que se encasquetou. Ali bem de perto nas sombras a besta devorava tudo que espiava. E foi assim no meio do erro, do leve deslize, que a besta atacou de verdade. Ela sabia que era uma jogada única, um caminho sem volta. O sucesso do ataque crocodilozo foi inevitável. O pandemônio tomou forma e sabor, a forma bestial e o sabor mortal. O grande ser se tornou sombra e vazio. E aos poucos tua chama foi desmoronando.

Até porque

Até porque eu fui muito pouco, Até porque surrado e louco Ate porque deixei a desejar, Ate porque vivo a me estragar Ate porque fui um triste palhaço, Ate porque lancei os dados no espaço Ate porque andei vivo no passado, Ate porque eu tento voltar ao estado Até porque ainda há chama pra se queimar, Até porque vou sempre tentar amar Até porque...

Enigma

Traçando palavras, batendo os dedos, vou me perdendo nos teus segredos Me encolho em esperar, por algo que não passa, viajando longe sem parar letras soltas sem nexo à esperar Pra você, meu inimigo, sentido não haverá, deixei para o meu amor, as letras do amar.

Retrato

Eu não tinha esse rosto de hoje, assim calmo, assim triste, assim magro, nem estes olhos tão vazios, nem o lábio amargo. Eu não tinha essas mãos sem força, tão paradas e frias e mortas, eu não tinha esse coração, que nem se mostra. Eu não dei por esta mudança, tão simples, tão certa, tão fácil: - Em que espelho ficou perdida minha face? Cecília Meireles

Notas do errado à dois

Andei procurando diversas formas de abordagem na minha vida para relacionamentos funcionarem. Bom, fracassei diversas vezes. Até aí tudo bem, acontece. Mas e aí, é só isso que sobra ou falta em um relacionamento? Fracasso. Acredito após anos de luta, que sempre lutei errado, a batalha nunca foi pelo relacionamento ou pela outra pessoa. Veja bem, outra pessoa. Demorei anos para perceber que havia outra pessoa por aí, com uma carga emocional similar ou até maior, e que mesmo meu maior esforço ou sacrifício seria alguma hora julgado como falha. E é isso, falhamos miseravelmente enquanto estivermos à esperar atos dos outros que não temos o mínimo de controle sobre. Veja bem, se esperamos algum comportamento que acreditamos ser o certo de outra pessoa, estamos admitindo que namoramos uma sombra apenas do que é a outra pessoa. Queremos relacionar com uma bifurcação do nosso próprio ser, não a outr...

Fuego y no más

Engraçado como preciso de um fósforo, que seja, pra acender essas paginas. Sei la, parece que as cinzas não são suficientes mais. Tem que ter ao menos a fagulha. O leve triscar.  Sabe quando a gente fica na inércia da burrice secular que nos acompanha sempre, então que queime até o fim essa maldita chama da ignorância. Que se torne pavio para o mundo das ideias tornar a entrar em fogo alto. Que na madrugada mais só desse mundão, a mente se torne isqueiro e exploda no papel todo o meu gás.

Estar nunca, ser sempre

Trata se de ser, muito mais do que estar. Deveria ter feito essa pergunta à tanto tempo, que agora nem adianta se arrepender mais. Vinha de uma estrada sombria caminhando sem um pingo do que há de bom, andei pelo vale mais triste que um ser pode se entranhar. A solitária solidão de quem não se ama, de quem se odeia e se culpa. Peguei um atalho pelo trecho do remorso mais cruel, e me perdi nas dunas do próprio ódio. Demorei talvez dias, quem sabe anos, para encontrar um caminho certo. Por Deus que seja o caminho certo dessa vez. Já escorreguei pelas vielas do quase fim por tempos demais. Aos ceus me pego a implorar, que esses tempos não voltem jamais. Agora? É relativo. É presente que já se vai. Me encontrei e não quero me esquecer mais, dos caminhos que ainda tenho que atravessar. Todavia são caminhos alvos e de paz, algo que me faça deixar, deixar pra trás o estar.

Quem dera

Quem dera eu, pudesse voltar nos tempos de paz, Quem dera eu, fosse algo mais do que um estúpido rapaz Quem dera eu fizesse de teus beijos meu aconchego, Quem dera eu enlouquecesse nesse teu chamego Quem dera eu estar ao teu encontro mais uma vez, Quem dera eu deixar de orgulho e aceitar o sim pelo talvez Quem dera eu voltar pra ti como se tudo não passasse de pesadelo, Quem dera eu encontrar você assim, com a brisa no cabelo Quem dera nós, engolirmos tudo que já passou, Que dera nós enxergármos o nosso querer sem a dúvida do vou.

Aritimia

O coração tem horas que prega peças que nem os maiores do romance saberiam dissertar sobre. Este que vos escreve anda entupido por algo que não para de pulsar. Sombria é a derradeira razão que busca explicações para a mais vil das paixões. Nós não regemos mais a vontade desse motor pulsante. Quem dera eu!

Inferno que eu trouxe

Pensando e pensando mais e mais, já me culpei tanto nesse meio tempo que já nem sei. Trouxe pra minha vida e para a de quem amo um inferno que não cessa. Apesar dos esforços para reverter meus demônios, esses bons maliciosos que são não vão embora jamais. Uma hora eles tem de tirar uma folga, ó Deus, afasta de mim esse fim. Quem sabe um dia eu posso exorcizar de vez essa praga, antes que ela consuma todos que amo. Se importa de algo, devo dizer que no fim póstumo da úlcera que despejei na vida de todos eu encontrarei certa calmaria e certa direção. Preciso encontrar o rumo sozinho, talvez muito menos por altruísmo ou egoísmo, mas por martírio. Vou estar não por mim, mas por todos que algum dia meu coração bateu. Estarei por vós. 

Pensamento do que não tem como

Me vejo acordado para um mundo que certamente é de ilusão. Na incerteza invertida que me meti, acredito que dessa vez há algo de podre sobre o olhar de quem padeço.  Analisando os atos, sempre isso. Eu deveria ser menos ganancioso e aceitar as punições. A vida como ela é.

Teu

Já não se encantarão os meus olhos nos teus olhos,  já não se adoçará junto a ti a minha dor. Mas para onde vá levarei o teu olhar  e para onde caminhes levarás a minha dor. Fui teu, foste minha. O que mais? Juntos fizemos  uma curva inimaginável na rota por onde o amor passou. Fui teu, foste minha. Tu serás daquele que te ame,  daquele que corte no teu coração o que semeei eu. Vou-me embora. Estou triste: mas sempre estou triste.  Venho dos teus braços. Não sei para onde vou. Do teu coração me diz adeus uma amora. E eu lhe digo adeus. Pra sempre serei seu, mesmo que tudo mude, que tudo acabe. Algo que construímos com tanto coração, não vai embora em uma só vida não.

Pouco

Já vivi, ou pelo ao menos acreditei nisso cegamente. Quanto mais me pergunto onde estou, mais eu me arrebento em pensar. A ocupação da mente agora é em procurar, caçar um caminho pra me encontrar. A estrada é sempre estreita e cheia dos desvios. Vou lá saber onde posso me achar. E nessa luta sem fim, vou me preparando para o pouco.

Ao certo

Falta tempo pra quase tudo nessa vida, mas para fracassar sempre sobra. Lá vou capotando novamente, parece que gosto da pocilga em que me meto toda vez que paro pra pensar. Estou querendo parar, mas como que para de ser um medíocre sem largar a mediocridade? Venho tentando me distanciar de tudo que já amei, mas é só pra me castigar por ser o destrambelho que sou. Graças à Deus estou cansando de me judiar, daqui a pouco o alivio chega e as coisas voltam para o seu eixo natural. E tudo estará certo, quando tudo estiver errado outra vez.

5:27

Quando eu era mais novo, comprava medalhas de honra ao mérito.  Parecia que meu desejo de vencer era enorme, mas ao fim me resignava e apequenava, comprava sempre as de bronze e de prata. Fazendo sombra aos melhores. Hoje em dia, tem gente que compra like.

Sumário

Capítulo 1: Nada me importa Capítulo 2: Piores momentos Capítulo 3: Alguma mínima esperança

Ladainha

Procure algo pelo qual não vale a pena lutar, e se enfraqueça de vez em ter sucesso nesse fracasso. Em tempo, cole as 3x4 de todas as pessoas que você tem no facebook no seu álbum de amigos e sinta pena dos que nunca serão seus. Pare de fumar, usando um cigarro eletrônico que joga nicotina na tua cara toda hora e que fura o teu peito já preto. Pense na paixão perdida e chore no chuveiro da vida, se culpando por perder outra vez. Pare de problematizar as duplicidades, vá a merda logo de uma vez e se salve do resto do fedor. Viva!

Sertão teu

Deus, parece que esta criatura vai me consumir Meu inteiro se faz com apenas um sorrir. Me questiono se sou digno de tal Terna beleza divina, para um relés mortal Fura me o pranto e enterra suas garras no fundo do peito. A criatura não tem misericórdia de mim em seu leito; Sabe-se de onde vens e para onde vais. Sei que da minha mente esta não sai mais. Esse olhar de secar aquilo aquece e faz enraizar. Já tolamente sabendo, que não há como escapar. Do sertão de teu olhar.

Desinteresse mútuo

A sua desinteressância se parece tanto com a minha, que já nem sei quem é o mais seco no olhar. Nunca imaginei que duas peçonhas poderiam colidir sem se acabarem. Mas bem la no fundo já esperava o surgimento da tolice, a bobice dos antigos. A cegueira dos racionais. A urticária dos frígidos. O amor incondicional ao veneno e ao sabor dos nossos dias. Duas cobras sem pernas para as trivialidades. Não deviam se cruzar. Deviam se acabar um no outro.

Fracasso em fracassar

Cansei! Para mim, chega! Não dá mais pra ficar vendo as coisas acontecerem e eu não fazer nada. Preciso de mudar minhas atitudes, não posso aceitar a mesmice, nem meu fracasso. A partir desse exato momento terei apenas o melhor das coisas que esse mundo pode me dar e não aceito menos que isso. Acendo meu cigarro paraguaio, dou duas goladas boas na coca sem gás, visto meu par de meias xadrez esburacados, ligo a tv e me estico na cama dos meus pais. Me pego pensando: - enfim tudo mudou

Dual do porém

De vazios vou me enchendo Sem pensar no final Me entardeço no teu olhar Sem esperar teu amar Corro com pressa para o sempre Já aguardando o jamais da gente Decidido nessa incerteza Vou me encolhendo em grandeza Sonhando acordado Por um domingo agitado Quero um pesar platônico Do nosso jeitão, sub atômico