Desde criança pensava que a solidão era acolhimento. Era estar longe deste plano tão cruel. Adulto tenho cada vez mais a certeza que estar longe do mundo é uma solução menos abrasiva
Gosto de te olhar nos olhos enquanto tu devoras meu mundo Tua boca cheia calada sussurra tantas palavras Devorame por inteiro a começar pela vida Leio todos versos de tua pura poesia Me encanta nossos mundos se chocando no eterno balanço Abraço-te como se tudo no universo dependesse de nossa fricção Te digo coisas minhas e tu incendeia minha cabeça Caos, vermelho branco, vinho, fumaça, vitrola lenta, tudo vira nosso, só nosso Silêncioso riso, um deleite do fim como se nada mais no mundo fizesse som
Eu e você, dois outonos desfolhados, Duas bocas que silenciam o amor. Duas febres que ardem sem cura, Duas almas que se desencontram no escuro. Duas latas amassadas, vazias e frias, Dois ninhos destelhados, sem abrigo. Duas semanas antes, nossa paixão, Dois metros depois, nosso desencanto. Nossa história, um capítulo fechado, Um passado que não volta mais. Mas ainda resta a saudade, E o eco de nosso amor desfeito. Eu e você, dois sempres que se desfazem, Dois sonhos que se despedaçam no ar. Mas mesmo assim, nossa lembrança, Permanece, uma chama que não se apaga.
Escuro. Breu. Turvo. Todo um passado perdido. A sina que carrego como pedras nas costas. É de endoidar. É de se chorar. O choro que todos vêem mas ninguém escuta. Um grito mudo. Um soluço pra fora. Minha treva me traga pra dentro e cospe de volta em espiral em meus sonhos. Por onde vou, carrego meu penar. Em qualquer lugar, sangra meu olhar. A vida como ela é. Uma segunda-feira cinza, uma chuva triste, um tombo na rua suja. Me debruço sobre meus pesadelos e não levanto mais. Desculpa. É a única coisa que sei dizer. Sequer consigo entender. O que há de ser, se não a solidão de um entardecer.
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