Bento Vento

Nasceu em meio as cabrochas, no viramundo. chorava que só. Até a goela fazer um nó.
Tinha cabelo cor de palha, era meio dos estrabismos infantis, e vivia de boca aberta. A mosca só não entrava porque tinha dó.

Corria por aí, caía por ali, destranbelho parido pra se ralar. Ou ralado pra se parir. Como sua sapa vó gostava de chiar.

Foi crescendo, o nariz escorrendo, o dedão batendo. Foi subindo, nas árvores da idade. E por lá não parou.

Bento Vento, era assim que se chamava, era Bento de nascimento, e Vento de sofrimento.

Quando espichou por demais, resolveu ventar pra tudo que há de ser. Saiu por lá e tornou pra cá. Sem nunca se achar.

Depois de um moinho de década de vento, resolveu fincar. Fincou casa, parceira e um Bento pequeno. Mas o vento ainda uivava na orelha, só mais tento.

Passou um furacão de calmaria, perdeu o norte até as três Maria.
Dormiu na brisa e acordou cedo. Viu que tinha tudo, só não tinha o medo.

Bento Vento, vento forte, vento fraco. Perdeu muita gente num sopro demorado. Agora acordado, queria sair avoado.



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