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Mostrando postagens de outubro, 2018

Bendita

Bendita maldita Bendita feia Maldita bendita Dita bota Dita cuja Dita suja Dita corja Dita fora Dita cheia Dita dor Dita sofre Dita chora Dita mata maldita a bendita Que nunca foi bem dita, só mal dita.

A bala e o trabuco

A bala que saiu da sua boca me acertou em cheio Furou o peito, do ferimento brotou meu recheio Amor é sentimento em meio ao tiroteio Guardei isso aí em meu seio Escondi minha dignidade meio com vergonha Na verdade era medo mesmo que se proclama Medo de perder meu vento de me acabar em seus beijo num convento aquela clausura fria em que um sozinho não se cria Vou deixar você de lado Pra ficar como pássaro avoado Teu ferro e tua gana São parte da tua terrível fama.

Samba de um amigo meu. Eu

Quando você  passar, o samba vai parar, para o teu andar Me lembro bem de teu passo, eu que era mestre sala na tua dança, mais leve que tua passada, só  o teu abraço, que era pro meu sorrir, um compasso No salão das memórias, o nosso samba era tudo, era mais que histórias E no ritmo nosso, vem à saudade, maior do que eu posso E sentimos o nosso mundo, a leveza e um vagabundo Nossos traços foram pra lá, a música mudou, mas nosso samba velho, uma hora ainda vai tocar.

Teus beijos

Dos teus beijos eu fugi pra sua procura, morri Fui me trancar lá no poço d'margura, parecia até loucura Me curei pensando na tua alma, fiz da correria uma calma Seu beijo ainda se vira pra me olhar? Será que um dia vou parar de sonhar, E acordar nas suas músicas, nas tuas falas, nos teus risos, em nossas danças Hei de ser algo diferente dos outros que fui já, sempre assim, procurando os lábios que um dia se viraram pra este que vos fala.

Olhos nos olhos

Olhos nos olhos Aquele abraço que deixou de ser dado Mas nunca sentido Lábios que não se tocaram Mas se lembram um do outro Histórias que se cruzam Risos que não se mataram No canto dos meus sonhos, Ainda tem gente, eu e você No gosto da tua pele ainda tem minhas lágrimas, Que um dia quem sabe ainda vão se encontrar Pra enfim ficarem mais, Um pouco mais, Um eterno mais.

Lágrimas na chuva

As estradas inabitadas dos meus olhos derrubam bem mais coisas que só o pranto Rompendo o silêncio de meu íntimo fico à reclamar do destino que fiz vigorar Ainda procuro uns passos do passado, para encontrar um olhar, que não veio O choro vem, enfim. Vem também o frio, as gotas, o som. Vão se despedaçando em mim, sem sequer me dizerem o por que.  Tudo se mescla e se apaga em meio à essas águas desesperadas. Lágrimas se descem , com as águas das chuvas

Nunca existir, sempre ser

Não se permita parar de pensar, não se permita parar de sonhar Nunca deixe o comum ser teu norte acorde pro mundo que é maior que a morte Não esqueça os valores da vida, que não são só teus, mas de outras almas queridas Seja algo mais não caía em papos banais Critique teu meio, procure luz em meio ao devaneio Pergubte onde está o tempo todo para não ser só mais uma fatia do bolo Aprenda à observar , ensine a si próprio à absorver, Essa é a gana de existir sem hesitar, Não ser menos do que deveria ser Deixar de existir e passar à ser. Não se permitir.

Parafraseando

Parafraseando Anne Frank, pela frase "Apesar de tudo, ainda creio na bondade"; chego a certos pensamentos. Vivemos um caos plantado, dias separam o pavor. Me pego a vislumbrar se ainda é possível crer em tal bondade citada por Anne. Discuto em minha mente se ainda existe esse sentimento no fundo dela. Todavia me pergunto se nas outras pessoas ainda existe  também essa esperança. Vivemos um mundo terrível, e que tende à piorar. Vivemos a falta de tudo, nossos sonhos foram diluídos em lágrimas de sangue. No entanto, consigo enxergar certa resistência, característica primordial do ser humano em sua própria sobrevivência.  E dessa resistência é que se deve brotar uma mudinha de esperança no coração de todos. Os falsos profetas tentam sufocar essa muda, tampando a clareza da luz. Mas naquela pequena nesga de luz que passa, ah ali tens esperança. E essa vai desabrochando, ramificando, serp...

Relato

Eu estava ali cansado do sincretismo sacana que me prenderam. Saí do ônibus, adiantado do compromisso que me enfiei. Andando na rua escrevendo palavras tortas sobre qualquer coisa. De longe avisto gente e mais gente. Gente que nem é gente, gente que não sabe o que é ser gente.  Gente que esqueceu da gente. Nesse fluxo kamikaze vamos nos deixando levar. E se esquecencendo de coisas que não devíamos esquecer. Uns dos outros. Nada mais é egoísmo, nada mais é ignorância. É tudo parte do todo que molda o cotidiano. Ainda da pra piorar, já pensou? Sigo o caminho que escolhi, viro na primeira rua à esquerda. E continuo meus passos, não tinha outra opção. Engraçado isso né, achei na minha maior babaquice que vivia no mundo dos diversos caminhos. Me peguei pensando agora, que não vivo em caminho algum se não o da ilusão e da cegueira. Deveria ter feito aquilo, aquilo outro ta...

Arte esboçada

Culpei minha arte por não ser ela mesma E nas formas que criei enxerguei só  borrões Afastei das pinceladas por tempo até demais Descansei a mão e a mente que nunca foi sã Nos esboços que surgiam, só via sangue Não via vida nas cifras que toquei Só gritos sem voz Deveria sumir por mais tempo que os sumiços Preciso de inspiração, preciso encontrar rumo no lugar mais sem rumo Permanecer soltando letras no fundo da caixa, por menor que seja, é algo Tudo pra fugir Tudo pra criar Tudo por você, arte.

Desafogo

Jamais sonhei que você queria Nunca duvidei que os cacos dos nossos beijos fossem só passagem Vejo agora as pragas As memórias se perdendo em valsas tristes Meia boca de um cigarro Meio gole seco de um calor Apesar dos afogamentos O ar ainda está aqui Além dos dois caminhos Ainda tem jeito Tem chama no peito Mas não é mais tua Nem de outro alguém É minha.

Admito

Devo dizer que sou Nunca fui pouco Até que merecia ser menos Mas não me permiti Sou isso aí Aquilo ali também Nunca arrependi Mas já chorei por ser Já vivi e morri Mais vidas que tu possa crer Já nasci e sumi por mais becos que tu poderia ver Fui parar bem longe Lá no fim que me encontrei Me desamarrei por vezes, dessas tuas prisões A vida é muito, é além das ilusões Me livrando sempre das falsas provisões Vou desenhando sem destino Mas o traço será sempre meu Não teu.

Sou assim

Sou assim Peça desmontada Verbete solto Vírgula sem ponto que a limite Fato desconcreto História mal contada Grito não dado Sempre fui Sempre vou ser Aquilo tudo Aquele nada Nunca arrependi Por ser menos Ou mais Individual Restrito Esculacho Sinceridade Me soltei pro julgar E vou deixar Por assim estar

Sala

Eu trato a mente como uma extensa e majestosa sala As paredes sólidas: são pensamentos fundamentados, são a verdadeira existência, sem as paredes, a base, tudo estaria ao chão.  São as crendices, são as cegueiras ( as vezes). São as certezas, nossa individualidade maior está aí. Concretas que são. Os móveis: são móveis por assim dizer, são arrastados, trocados, estragados, jogados fora. São os pensamentos que ocupam nossa mente em determinada época, pode ser décadas, anos, meses. Sempre de maneira semi duradoura. Sempre prontos para saírem de moda. Porém pode-se criar apreço, pode se criar identidade para com ele. Isso prolonga tua relação. E os objetos menores: são as quinquilharias, são as coisas mais fáceis de se livrar. São os pensamentos momentâneos, rápidos, de horas, dias talvez. Não costumam durar, são consumidos, s...

Miséria e lágrimas

Vinha pensado há tempos sobre miséria, sobre pobreza. Não sei quando começou esse pensamento em mim, lembro de quando criança, me impressionar com os moradores de rua. Vislumbrar aquele pária social, naquela situação. E me perguntava, onde foi que ele errou? Cadê os pais dele? Cresci com diversas imagens e reflexões sobre esses vislumbres da miséria, do descaso. O tempo, a rotina, o meio, tudo isso foi chutando pra debaixo do tapete do esquecimento, essas poeiras de alma. Hoje sentado na praça, fumando um cigarro, admirando as pessoas passando. Resolvi fazer uma faxina em meu âmago. Cansado da sujeira que já estava à entulhar meus móveis. Resolvi sacudir justamente o tapete. Assustei de princípio, há muito não via aquilo que estava por baixo do tapete. Recordei de tudo aquilo, todos os questionamentos, toda vontade de compreender a fundo a miséria. Poxa, agora tenho qualidade pra f...

Se

Se eu te disser que imaginei, nós dois deitados por mais verões, que ainda nem sonhei Se eu te propuser fugir desse marasmo, correr até o fim do mundo, na velocidade de um espasmo Se eu te pedir só mais um beijo, pra a gente se despedir pra sempre, nessa pintura de asulejo Se eu te amar como nunca amei, te abraçar como nunca pensei, e ainda disser que sempre estarei Ainda assim, t u irias entender meus delírios no fim?

Arresto de amor

Te procurei no fundo dos sonhos E nem tua sombra eu achei Te cavei no fundo das memórias E nem dos teus cheiros lembrei Te gritei nas cavernas da solidão E nem da tua voz recordei Corri atrás do passado pra ver se te via E descalço de coração voltei sem ti Procurei um futuro em minha mente E nem tua sobra eu achei.

Invisibilidade de cada dia

Sou eu aquela sombra Que tu passa e não se lembra Sou eu aquele la Jogado na rua, sem uma palavra de amar As vidas passam por mim E jogado estou, nesse fim Decidi há muito viver ali E tu finges que não e passas por aqui Achando que eu nem sou igual a ti Esperando o dia passar Sozinho até a noite se acabar Não  há um dia que eu não te veja E todos os dias você não olha onde quer que eu esteja Invisível estou Invisível eu vou As vidas na cidade se apagam E ninguém se importa com essas que também falam O cinza será  sempre a cor da desesperança Já estive em outra pessoa, também já fui criança Então por que despreza teu igual Já vivi as mil vidas desse temporal Invisível pra você não quero mais ser Invisível para você não posso mais viver