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Mostrando postagens de março, 2019

pra xangô

Vou fazer uma prece pra xangô Pedir mais justiça e mais amô Vou marcar o teu machado, orixá Nessa pele que se banha de sol e mar Tem que ter a lei, ó pai Tem que ser pela lei do amor, ó pai Justiça nos escambos Ô pai, dê forças pra esses meus escombros Com o oxê, que rasga no meio a bacia E amor que peguei por ti lá na Bahia Xangô da justiça e dos justos Meu orixá, minha fé e minha sorte, sempre juntos

Mundo de outro

Transpiração Cordas Ida e volta do violão Canto seco Falo como se fosse amigo Dois dedos como espeto Nota Se nota Notável Saiu o agudo Em geometria Fazendo ângulo obtuso Som Tom Nota de novo Acabou vapor Vai por mais a cá Aqui e acolá Violão Braço Abraço Corpão Batuque Sem truque Batuca até Manhã de bar de Noé Vou me levando a penoso Danoso Danou-se No peso que pesou-se Fúnebre Lúgubre Inlocume Tambor soou O negro sooa  A bobéia suada É o samba da minha terra Pangéia Geléia Do meu planeta Terra

Mil coisas

Das mil coisas que pensei Meia dúzia eram pra você sobre o que senti, sobre o que amei Das mil coisas que imaginei Umas cem eram nós dois No mar esperando o vento em que te beijei Das mil coisas que beijei Metades eram seus lábios E outras metades também tuas jamais esquecerei Das mil coisas pelas quais me apaixonei Mil eram você E por outras mil razões eu sempre retornarei

Criados mudos também falam

Rangendo, perneta, pela casa afora Quadrado, velho, longe do agora Criado pra ser criado Cansado de ser cria deixada de lado Revoltado com meu estado Não mexo, só fico parado Sou o a poio de meu dono Braço direito dos sonhos de trono Suporte pra emoções em coisas Guarda para fim de ego das esposas Alicerce do tempo que desperta As vezes gaveta para gente esperta Um dia ainda fugirei, ou me acabarei Ser carcomido como criado que sempre serei

Sufoco de tu

Passada a decadência da saudade, nos vemos de relance Horas, dias, anos, me perdi em sonhar com teu alcance Sorrio pelos cantos dos olhos, como ria pela v elha boca que te beijava Um transe, um brilho, repetia, e acabava O momento que durou uma vida toda, começa a secar As rosas do nosso campo de sonhar, começam a murchar Daria tempo pra me sufocar só mais uma vez? Pra eu não acordar e perder meu ar sem você

Sabíamos viver

Não tem nada a ver Teus olhos com meus versos Em uma manhã de querer Qual que, tu sabes que sou da viola Que não perco uma mesa de bar Tocando ao fundo as velhas de Cartola Tu que sabes muito bem que vivemos as vidas como ninguém E eu sei que não perdes um descanso Uma desculpa para ficar em casa Um carinho, um abraço, um amanso Ainda estou aqui Na espera, por tua conta Esperando nosso bonde partir

Ainda somos capazes de acreditar em amor

Pergunto-me sempre que acordo, se creio ainda no amor. Sempre fui um abobalhado, isto é fato, mas perdi com os anos mortos o brio da coisa. Meia hora, penso por aqui. Me perco em me encontrar, e isso é tudo. Gosto tanto de alguém ainda? Ou só me apego à uma vez que me apaixonei? Saudade é em suma um verbete de amor? Balela. Me traio em um trem de desesperança, me afirmo como frio e impetuoso. Haja o que houver, não vou pegar o telefone e ligar a esmo para números que nunca quis discar. Assim vou concluindo, sentimentos embaralhados que tenho. Ainda não perdi o amor, tão pouco perdi a hora de fazer o café. Sinto falta de amor, sinto calor nos dedos segurando a xícara, imaginando uns lábios por aí, pode ser seu, ou de tantas outras pessoas que já vi. Cadê o açúcar? Cadê o doce? Nessa vida amarga de doer, vou aceitando um adoçante artificial para sanar o momento, na falta de tua do...

Verbo amar

Transcende do verbo amar minha sina por te procurar, Nas noites vazias, nas coisas sozinhas Nas tardes de domingo, nas boêmias Aonde foi que erramos, em que lugar nos largamos, éramos crianças cheias de planos Voltamos, nada feito, mistérios que nunca desvendamos Seguimos na apoteose os caminhos cada vez mais longe de nossos carinhos Um dia quiçá, teremos motivos para lembrar um dia talvez ainda conjugaremos o verbo amar

Doída

Doída é a flor que nasce de uma saudade Pode ser do amor, que se acabou com a idade Pode ser pelas noites que amanheço sozinho pela cidade Anjo meu, que fazes agora Depois que nós fomos embora Meia roda de samba lá fora Andei errado sem ter razão Nessa tua espera coração Iludido em ter um passado de paixão E agora nessa vida vou vivendo na lua  Pedindo pra que  me ache na tua rua, ou na que você quiser chamar de sua