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Mostrando postagens de dezembro, 2018

Quero escrever

Queria escrever aquela epopéia das mais bobas, sobre luz e conversas tolas. Nessa altura escrever já não basta. O machucado já até criou casca.

Achados e perdidos

Me entortei nas retas de suas palavras, busquei em meio teus olhos de estradas motivos para boas risadas. Perdido no teu destino, aquela timidez de menino, Nossas vozes como se fossem um hino A cabeça a se esfarelar Nossas ideias a se entrelaçar Nossas almas por cruzar perdidos e achados Éramos criança tola De ideia boba De amores de uma vida toda.

Dona vivi

Vivi. Era dona, dona Vivi. Dona de que? Vivi não era daqui não, era lá da Bahia, já foi jovem, não gostava de limpar a pia. Gostava de ouvir tudo que era música, nessas audições não sabia o que estava por vir. Conheceu um músico, daqueles diferentes, com sorriso alvo, cheio de dentes. Apaixonou-se a primeiro acorde, apostou tudo no amor e na sorte. Disse "sim" na primavera, começou tudo outra vez, uma nova e viva era. Veio morar aqui, na cidade dos morros, escapando do calor da Bahia dos ouros. Viveu como nunca havia de ter vivido, amou seu músico sem se preocupar, afinal era seu marido. As brumas de paixão duraram pouco, o músico entortou a viola e se despediu num tom seco. Era isso, a música havia parado de tocar, a tuberculose havia levado o músico pra lá. E de silêncio Vivi saiu a pelejar, sem um tom, sem um timbre, nem compassos a se escutar. Amargurou os anos, fez o som de inimigo, g...

Dragões e flechas

Foi assim Uma história de começo Que não devia ter um fim Das mais belas que conheço Encarei terríveis dragões Só para te admirar E escrevo versos em bordões Lembrando do teu sonhar Devia ter guardado mais flechas Para ter tempo de ver Mais de tuas mechas Me amarrar nestas, para não me perder Na tua pele perdi as guerras E nos teus risos apanhados só queria viver por várias eras Tu e eu nas frentes e lados Na falta que tu faz Eu levo a vida a pelear Na esperança que ainda jaz De um herói a te procurar

Inacabada fábula de teus sorrisos

Agora os anos foram se alongando Nas luzes da cidade que te dei Eu sozinho me acabando Onde eu tolo achei Que por um dia era um quase rei E eu despertei Das tuas falas Das tuas faltas que eu chorei Logo vai se acabar, valsa nossa há eternizar E eu vou pra perto De teu iluminar Pra sentir que estou desperto Na hora que tocar,  nossa vida no acorde farei soar O canto de despedida Nosso amor que tudo fez, para o que há de ser bom, agora meio sussurro mudo na surdez, m as no peito ainda se fazia som.