convite 19
Por aqui passam horas, dias, vidas. Na tela da TV minha esperança erra o caminho. A casa é oca, se cai uma caneta, só eu ouço. As paredes guardam um triste reboco de lágrimas. Até quando... A cama agora organismo pluricelular, começa a viver seus próprios fundamentos. Me amarrar e sufocar. A terrível que nos espreita. O abominável desconhecido, ronda nossa porta, cheia de trincos. Ele sabe se esgueirar casa à dentro numa facilidade cruel. Recebi um soco na cara em março, e senti goela abaixo o que é ser insignificante. Não existe vida mais aqui. Existe uma resga do que um dia foi um suspiro. E me amarro com todas as tripas do mundo ao ar final que restou. Porém é pelo ar, dizem os da ciência, que o intruso espreita. Então, no final de tudo e todos, deixei uma última potente e mascarada esperança: pesadelos sempre acabam.