a sala de estar
Dureza é imaginar que na minha sala nao tinha estar Uma poltrona velha, feita de altar A mesa esquecida Suja de tinta escorrida Na estante um refúgio de traças Ou seriam prisões de capas Na sombra mais sombria Me entulhava, me retorcia A chama cansada de uma vela acesa Delírios e gritos sem clareza Tudo me prendia, Sempre fui o primeiro que se rendia E na cruz de toda noite que me pendurava Não podia mais sentir nenhuma palavra Escondido ficava Sobre os pecados da madrugada Em meio a mobília estragada No fim de pavio de uma vela apagada.