Postagens

Mostrando postagens de fevereiro, 2020

a sala de estar

Dureza é imaginar que na minha sala nao tinha estar  Uma poltrona velha, feita de altar  A mesa esquecida Suja de tinta escorrida  Na estante um refúgio de traças  Ou seriam prisões de capas Na sombra mais sombria  Me entulhava, me retorcia  A chama cansada de uma vela acesa  Delírios e gritos sem clareza  Tudo me prendia,  Sempre fui o primeiro que se rendia  E na cruz de toda noite que me pendurava  Não podia mais sentir nenhuma palavra Escondido ficava  Sobre os pecados da madrugada  Em meio a mobília estragada  No fim de pavio de uma vela apagada.

yo

Quantas vezes me perguntei  O que eu sou? Quantas vezes me olhei no espelho e não vi nada além de um par pequeno de olhos negros  Anos tentando entender. Buscando saber. O que diabos eu serei?  Me pergunto agora, depois de tantos invernos. E continuo sem resposta. Todavia, agora penso: eu realmente quero saber quem sou, e para onde vou? Não, não quero. E nem preciso.  Quero viver sem saber quem sou. Me descobrir a cada momento. E no fim ter a certeza. De que realmente depois de tudo, eu continuo sem fazer a menor ideia de quem sou.  Porém, na inabalável incerteza, se encontrar há de ser se perder. 

4 meses

Cresci sozinho no emaranhado da lua  Vagando na soturna e calada rua  E nunca procurei luz alguma  Até que o destino tratou de me quebrar E uma chama intensa veio me queimar  Para tantas vezes, para tantas vidas que vivi  Tu és o sol. Tu é luz sob mim  És tu que brilhas  És tu que aqueces meus olhos sem vidas  

página de amor guardada

Há tempos havia me desfeito das páginas de meu livro de amor  Joguei fora uma por uma, acreditando apenas na dor  E tu, com a calmaria de uma brisa, encontrou este livro largado nas ruas da vida  Tratou de restaura-lo, tratou de cuidar.  Escreveu com letras profundas um novo livro, todinho teu no meu coração.  E as páginas novas, tratam de um amor maior do mundo. Um sentir para se lembrar. Eu que deste livro já desistido havia, agora só o quero guardar.  Hei de proteger o livro que escreveste, o amor que tu deste, este amor que és para sempre amar.  .

um dia de outubro

Eis que em um dia comum de outubro vi pela primeira vez a bela que me roubaria a lucidez  De tantas pessoas que andam sob o mesmo céu, o destino tratou de me guiar sob o abraço seu  Perdi o medo de tudo, para que dias depois de te conhecer, me declarar. E disse sem titubear: estou à me apaixonar  Risos vieram, beijos ficaram. Até o dia em que os amantes se amaram.  Desde então, tudo parou no tempo, um tempo de se amar, de se encontrar, de se respeitar, e de gritar à todos os cantos desse mundo em que havemos juntos desbravar. Como é lindo te amar.