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Mostrando postagens de agosto, 2019

Velho lobo: desembarque

Fazia tempo, anos se bobear, que o capitão não descia em terra firme Não se recordava daquela gente toda que enchia o porto. Parecia um filme Assustado, soberbo, mas carrancudo como de costume. Ia mancando pelo cais, pouca coisa o prendia à aquele louco cardume. As pessoas são piores que tubarões, disse uma vez. São como rochas em mares revoltos, disse uma noite no convés. Ardilosos que são, metiam medo no velho, e as vezes curiosidade. Por serem predadores deles mesmos dentro da cidade. Observava aquelas criaturas, sabe se lá o quanto preferia encarar ondas de imensas alturas, à encarar sua família e suas amarguras.

Velho lobo: gerações em correntezas

O velho fitava além dos horizontes, terras que nunca sequer haviam sido avistadas, montes distantes Lembrava do que um dia havia deixado pra trás, quem sabe, filhos com mulheres que já não se lembrava mais Histórias que se apagaram com o morrer dos anos e as queimaduras solares Não lembrava dos cheiros, das vozes, tão pouco dos olhares Solitário que só, navegava ao encontro de sua própria vida Numa mescla insensata e altruísta. Como havia de ser a única saída E ao som dos pássaros e das ondas, ia cantando canções erradas de um amigo que se fora e sorrindo lágrimas passadas.

Velho lobo: as estrias dos mares

Nas ondas daquele corpo tudo era verão e calmaria Poderia ser um naufrágio nas lágrimas de maria O vento cortava teu sorriso e trazia ele todo pra nau dos apaixonados E o velho capitão ainda ouvia aquela voz de seda por todos os lados A bela que lhe roubou o tesouro mais precioso O calejado coração aquele maltrapilho teimoso E os mares iam levando as lembranças pra onde quer que ele fosse Não importavam mais as tempestades nem as calmas marés, se essas não viessem com a sua amarga lembrança doce

Velho lobo

Baldio, turvo, sem posses. Esse era o caminho dos desagrados. Em meio a tosse seca do capitão do barco. Os mares, os bares, os pares. Por assim dizer, eram tudo para um navegante sem castigo. Os traços, os tragos, os estragos. Eram de pura verdade para todos os lobos velhos que habitavam as cidadelas à beira mar. Os amores, os tremores, os temores. Eram de praxe para os que se deixavam levar no calor da vida à dois, à três, à sete. As loucuras, as cartas, as marcas. Eram e sempre serão o início de um fim, para todos os piratas velhos que se afogaram em lágrimas no mar das vidas.

Carta para um amigo

Na vastidão do mundo por vezes nos sentimos sozinhos. Por vezes encontramos  dificuldades e problemas. E cada passo acreditamos que será árduo e solitário. É nessas horas que encontramos algo tão raro e valioso que havemos de sempre lembrar. A amizade, aquela segurança em saber que podemos confiar em outra pessoa. Aquele amor que sabemos que é recíproco entre nós. E nesse dado momento em que escrevemos essa mensagem, pensamos justamente em tua amizade, em tua sinceridade e em teu companherismo. Temos a maior sorte do mundo em poder dizer que somos seus amigos. E pra sempre há de ser assim.